27 de outubro de 2008

O instinto do lobo sobrevive às cegueiras

O filme o “ensaio sobre a cegueira” exibe algumas pessoas que, ao se depararem com uma repentina e desconhecida falta de visão, são isoladas em um local inóspito. Elas aprendem a lidar com seus medos, preconceitos e a sobreviver entre o pior mal: o homem.
Em pequenos grupos mantém a educação e integridade humana. Porém, com a chegada de outras dezenas de deficientes, o que deveria ser solidariedade social - por vivenciarem do mesmo mal - vira caos e horror, nos fazendo lembrar da famosa frase “o homem é o lobo do homem”, do filósofo Thomas Hobbes.
Pela sobrevivência precisam doar seus corpos, dignidade e mente, perdendo o discernimento do real e da ficção.
Dentre todos, apenas a esposa de um médico não foi afetada pela doença. Protagonizada pela atriz Julianne Moore, a mulher torna-se a base da razão e civilidade aos que necessitam enxergar.
A visão desta mulher chega a ser um castigo, pois é a única ali que pode enxergar a degradação humana.
Neste filme, inspirado no livro de José Saramago, o diretor Fernando Meirelles desafia o telespectador a pressentir seus próprios atos e preconceitos.
Sem dúvidas alguma, Meirelles não dirige filmes para colorir o olhar da sociedade. Assim como em Cidade de Deus (2002), o filme choca o público, pois cada um se transporta às cenas mostradas e, mesmo sem admitir, percebemos que fazemos parte e alimentamos o sistema que negamos sempre.

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