20 de setembro de 2010

Música em forma de amor na Praça da Liberdade


Não é fácil sair de casa, em pleno sábado chuvoso e um céu acinzentado, para caçar matéria jornalística.

O friozinho inesperado de uma “quase” primavera é um convite irrecusável para uma soneca, mas eu tinha que ir pra rua, precisava achar algo diferente para comentar.

Então parti, rumo ao bairro da Liberdade, no centro de São Paulo. E ainda no metrô, analisando os casais aninhados um ao outro, uma criança correndo divertidamente no corredor daquele imenso vagão, senhorinhas tricotando e mostrando o que de melhor tinham comprado na Rua 25 de Março, conhecida pelas bugigangas baratas, ainda me perguntava o que eu encontraria de diferente para enriquecer uma matéria.

Desembarquei na estação Liberdade “sonada” pelo tempo frio e o cansaço da semana toda e, ainda me perguntava o que encontraria naquela feirinha conhecida por tantas pessoas que mereceria um olhar jornalístico.

Num cantinho escondido daquela praça eu avistei duas pessoas vestidas de forma tão distinta, ele parecia um lorde e ela uma boneca estilo mangá, daqueles desenhos japoneses. Ele, sentado, tocava um instrumento enorme, de uma sonoridade gostosa de ouvir, ela estava em pé e tocava um pequeno objeto de percussão.

E lá fui eu perguntar se eles me dariam alguns minutos de atenção para eu redigir meu trabalho e, com um sorriso singelo daquele rapaz, ouvi: “eu nunca fiz faculdade, mas sempre sou entrevistado por alunos”. Pronto, meu sono desapareceu e minha curiosidade tomou conta da preguiça que me assolava.
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Nicolau Dreicon tem 18 anos e ganha a vida tocando acordeon, sua namorada, Anne Magalhães, 19 anos, é estudante de Arte Plástica e, aos finais de semana, toca pandeiro.

Ele nasceu em Ibiúna, um município turístico de São Paulo, e está na capital há seis meses. Aprendeu sozinho a tocar alguns instrumentos, mas se identificou com o acordeon, “não se encontra profissionais que ensinam a tocar esse instrumento”, disse sorrindo. Anne nasceu e sempre morou na capital e aprendeu com Nicolau a tocar o pandeiro meia lua.

Era a primeira vez que estavam tocando na praça da Liberdade, sempre ficam na região da Avenida Paulista e da Rua Augusta, também na região central.

Nicolau disse que conseguem um “grana legal”, chegou a ganhar R$ 120 numa noite quando um transeunte lhe pediu para tocar em seu aniversário. E, assim, conheceram pessoas que pediram para tocar em casas noturnas, bares e cabarés.

Mas o que ele gosta mesmo é de tocar na rua, de ver gente. Ele estudou em oficinas de teatro e não conseguiu concluir, mas revelou que ainda o fará.

Agradeci a atenção do casal e pedi para fotografá-los. E ali, no meu último ato, clicando os dois percebi que o amor pairava no ar, parecia que não existia tempo, que não estávamos em uma praça pública. Ela expressava sentimento no olhar fixado nele, ele tocava o acordeon para ela, como se estivesse serenando em agradecimento à sua companheira.

E assim deixei os apaixonados, feliz por ter conseguido registrar aquele retrato e mais ainda por perceber que em todos os lugares encontramos algo diferente, mesmo em dias nublados.

1 de julho de 2010

Enquanto você dorme a cidade não para

São Paulo é conhecida por sua praticidade e pelos serviços oferecidos 24 horas por dia. Se você acorda no meio da noite com vontade de comer algo diferente, pronto, lá estão dezenas de lanchonetes e super mercados para atender seus desejos. OK! Está de dieta, mas está agitado e sem sono? Lá estão os cinemas, livrarias, teatros e as baladas que atendem até altas horas da noite. Afinal, quem são esses profissionais que trocam o dia pela noite para cuidar desta sociedade notívaga?
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Trabalhar durante as madrugas não é uma exclusividade somente dos fictícios vampiros e lobisomens, são milhares de trabalhadores que prestam serviços para manter a cidade em ordem. Enfermeiros, médicos, engenheiros, empresas de saneamento e energia, sem contar os músicos, garçons e tantos outros empregados que estão completamente acordados enquanto uma boa parte da população dorme.
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O segurança, Valdir Oliveira, de 60 anos, vigia a entrada de uma vila residencial na região central. Trabalha há 25 anos nesta profissão e diz que não conseguiria mais trabalhar durante o dia, como tantos mortais. Ele inicia sua jornada às 21h e só larga o posto às 9h. Mora na cidade Tiradentes, zona leste, e chega em casa por volta das 12h, horário que a maioria das pessoas está almoçando.
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Valdir, que é viúvo, revela que no início de sua carreira a família não aceitou a mudança radical de horários, mas hoje, seus quatro filhos (todos adultos) respeitam sua profissão e já se adaptaram com sua ausência durante a noite. “Eu não preciso mais trabalhar, mas tenho medo de ficar doente em casa e essa foi a rotina que eu escolhi”, finaliza o segurança.
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Também no centro da cidade, o manobrista Tibério Domingo Celestino, 45 anos, trabalha há 4 anos guardando e vigiando carros de moradores de prédios sem estacionamento. “Eu comecei a trabalhar de noite como um ‘bico’ para melhorar o dinheiro em casa, agora já me acostumei, até acho normal ir dormir quando todos meus vizinhos estão saindo para trabalhar”, comenta o manobrista.
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Tibério começou a trocar o dia pela noite há 10 anos atrás, manobrando carros em eventos. Hoje, sua rotina de trabalho é das 18h às 6h. Mora em Guarulhos, município de São Paulo, e costuma chegar em casa por voltas das 9h, “chego em casa, tomo meu café e durmo até as 15h e logo preciso sair para voltar para o Centro”. O manobrista apenas se entristece quando lembra que nãoconsegue arrumar muito tempo para ficar com o filho de 9 anos, “só consigo brincar mais com ele aos finais de semana”, diz.
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Nem em dias que está de folga ou em férias Tibério muda sua rotina, ele assiste TV durante toda a madrugada e só pega no sono quando está amanhecendo. “Sinto que envelheci um pouco trabalhando a noite, mas não quero outra profissão”, revela o manobrista.
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Os irmãos Ricardo e José Eduardo Massoneto sabem bem o que é trocar o dia pela noite. Nascidos em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, montaram uma banda há 13 anos. Trabalhavam em outros segmentos durante o dia e tocavam em noites alternadas, mas a paixão pela música ficou cada vez maior e decidiram tentar a vida na grande capital brasileira.
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Como se soubessem que essa alteração seria coisa de outro planeta, os músicos criaram uma banda chamada Doutor Jupter e há quatros anos estão em São Paulo, conquistando um público que freqüentam conhecidas casas noturnas nas Vilas Madalena e Olímpia.
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Mas para divertir dezenas de pessoas os irmãos alteram seus horários biológios todos os finais de semana e suas famílias também cooperam nesta relação dia-noite, noite-dia. O vocalista, Ricardo, de 33 anos, diz que nas noites que se apresentam costuma acordar cedo e cochilar no período da tarde para não ficar cansado durante a noite, mas durante a semana os horários são completamente diferente, “tenho uma rotina bem próxima de tantos outros profissionais, somente as segundas-feiras que tenho um pouco mais de dificuldade de entrar nos eixos, mas no restante da semana eu consigo seguir uma métrica de horários diurnos”.
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O músico revela que a banda trabalha a noite somente quando está no palco, mas durante a semana existem outros compromissos que precisão ser administrados durante o dia, como cuidar da agenda dos shows, a divulgação da banda, reuniões e ensaios dos músicos e o pagamento de contas. “Já nos adaptamos aos horários, mas imagino que como em qualquer outra profissão, existem períodos que precisamos nos doar muito mais que o normal, o melhor é que a família nos auxilia”, diz o cantor.
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E a esposa de Ricardo e também produtora artística dos músicos, Mariana Marques, 29 anos, confirma a dedicação e a dificuldade de trocar o dia pela noite. “No meu caso a jornada é tripla, me divido entre a casa, família e trabalho, quem mais sofre é o meu relógio biológico, pois de segunda a sexta acordo as 06, mas aos finais de semana é exatamente esse horário que chego em casa.”
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Mariana criou etapas para horários diurnos durante a semana, pela manhã organiza a casa e leva a filha na escola, durante a tarde se empenha na divulgação da banda, seja por telefone e internet, ou até visitando os clientes, “por volta das 18h, é o momento que dou uma brecada para cuidar da minha família. Jantamos juntos e após colocá-la para dormir, volto para o computador e termino o expediente lá pelas 23h”, diz a produtora.
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Em dias de shows, Mariana, costuma dormir até as 12h e quando pode, fica na cama até as 14h para agüentar as madrugadas que trabalha. “Não percebi nenhuma alteração de humor ou saúde depois de alterar minha rotina de horários, meu humor inclusive tem mais a ver com o que realizamos, e se eu pudesse escolher entre dia e noite, eu escolheria continuar trabalhando a noite, pois existe uma magia e ela é fundamental para a banda. Não consigo me imaginar trabalhando em horário comercial, eu prefiro ficar com minhas olheiras de estimação e me arrastar toda segunda-feira, mas fazer aquilo que amo”, enfatiza a produtora.
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Quem também altera seus horários é o cunhado de Mariana e irmão de Ricardo, o baixista José Eduardo, de 29 anos, conhecido como Dudú. Durante a semana acorda por volta das 7h30, leva o filho na escola e segue para o trabalho. Ele é professor de violão, guitarra e contrabaixo em uma escola de música e fica lá até as 20h. Estuda na Escola de Música do Estado de São Paulo e ainda arruma tempo para ensaiar, gravar e produzir suas canções.
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Dudú diz que em dias de shows dorme pouco, “se nos apresentamos da sexta para o sábado, descanso apenas 4 horas, pois dou aula logo cedo. Quando o show é de sábado, durmo umas 6 horas para poder dar atenção à família.”
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Acostumado com a loucura de sua agenda, o baixista afirma que tocar a noite tem suas vantagens, “vivemos num mundo diferente, o da noite, onde todos se comportam de maneira menos hostil, sem formalidades, sem contar que sempre existe a esperança de que podemos alcançar nossos objetivos fazendo o que amamos”. Mas o baixista também não nega que além das dificuldades para agendar uma viagem em família, sente o humor alterado pelas poucas horas dormidas.
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Em 2007 a revista The Lancet Oncology publicou um artigo da Agência Internacional de Pesquisa de Câncer (AIPC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelando que trabalhos em turnos irregulares aceleram a incidência de câncer, transtornos digestivos, cardiovasculares e reprodutivos.
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A maioria dos profissionais que foram entrevistados se preocupam com o envelhecimento precoce da pele, mas eles e tantos outros podem ficar tranqüilos.
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Para a dermatologista, Roberta de Cortina Lima, o indivíduo que tem o hábito de dormir durante o dia e trabalhar a noite, não apresenta alteração na pele, diferente de quem não está acostumado e que ficam sempre com olheiras e com aparência cansada. Para ela, o dano solar é bem menor para quem troca os horários comuns, “a pessoa pega menos sol e quase não tem lesão fotodependente. A pele envelhece mais por hábitos como o cigarro, bebidas e má alimentação, e não por trocar o dia pela noite”, afirma.Pelo bem ou pelo mal, graças a esses profissionais a cidade de São Paulo fica cada vez mais interessante e agrada a todos em qualquer hora do dia.

28 de abril de 2010

Um amigo chamado copa do mundo


É quase um sentimento de amor e ódio, onde a razão me permite criticar o evento e o sentimento me faz querer abraçar todos, até você, leitor.

Engraçado como me sinto desafiada toda vez que alguém fala de futebol. Para mim, vem logo a imagem da futilidade de um povo que, com tantas carências sociais e culturais, esquece de tudo para assistir aos jogos da Copa do Mundo.
Esta noite fui, mais uma vez, desafiada a escrever sobre o tema. Pensei em criticar logo de cara, falar da política que todos esquecem nesta época, da falta de recursos que o povo brasileiro não reivindica, da desesperança de tantos que desacreditam de tudo, principalmente nos grandes centros urbanos, mas me contive, eu precisava pensar melhor sobre fazer ou não a matéria.
E voltando pra casa, após um dia bastante cansativo de trabalho, trânsito, transporte público, milhões de pessoas desconhecidas que cruzamos nesta jornada, fiquei pensando em como começaria a escrever essa crônica e foi ai que eu me reavaliei.

Eu sou tão crítica sobre a Copa do Mundo, principalmente por achar que é um evento que mascara todas as dificuldades do Brasil, mas fiquei chocada comigo mesma ao perceber que esse evento vai, psicologicamente e incondicionalmente, além das razões sociais.

A Copa é, na verdade, o grande momento que todos esperam para extravasar. É o instante em que deixamos pulsar uma emoção que, diariamente, tentamos proteger ou até disfarçar: a esperança. É um amigo que creditamos toda a nossa fé.

Vivemos nesta rotina maluca de trabalhar, estudar, pagar contas, dormir e se alimentar precariamente e nem sobra tempo para cultivarmos as amizades ou até de estarmos com a família.

É aí que entra a emoção da Copa. Neste período fazemos tudo que não temos tempo para fazer no dia a dia. Juntamos a família, os amigos, preparamos os comes e bebes, gritamos, choramos e abraçamos todos que estão por perto. É como se o mundo fosse uma grande irmandade. Chega a ser um sonho ver todos rindo, vibrando e se comunicando.

E fica tão distante daqueles dias corridos de estresse, atropelamentos sentimentais e do esquecimento daqueles que amamos, mas não encontramos horários para eles em nossas atarefadas agendas.

Venha logo Copa, quero abraçar meus pais, meus irmãos e meus amigos. Quero acreditar que somos felizes e sem problemas para resolver.

30 de novembro de 2009

O papel que sobrevive a era virtual

Jornais, revistas, figurinhas e caça-palavras ainda são vendidas nas tradicionais bancas de jornal. Mas esse comércio, hoje, compete com a praticidade da internet.
Desde a década de 90 o mundo passa por uma revolução de conceitos e hábitos. Com a chegada da internet, a era virtual está presente em todos os segmentos, principalmente no informativo.

Segundo Lucas Domiciano, da assessoria do SINDJORSP – sindicato dos vendedores de jornais e revistas de São Paulo, a capital tem aproximadamente 15 mil bancas de jornal, muitas mantidas há mais de cem anos no mesmo local. Porém, o número de bancas vem diminuindo desde 1997. O sindicato acredita que 20% delas foram fechadas devido a concorrência de supermercados, postos de gasolina, fácil acesso pela internet e assinaturas domiciliares.




Diferente do que muitos pensavam a internet, que é vista como maior concorrente dos jornaleiros, pode ser uma aliada na divulgação de matérias e reportagens que são mais extensas nos impressos vendidos nas bancas.




O jornaleiro Maurício Alves Nunes, de 47 anos, não se incomoda mais com a era virtual, “já me preocupei muito com a concorrência da internet, pensei até que teria que mudar de emprego após 17 anos de experiência”, diz o dono de uma banca de jornal localizada há duas quadras do Mercado Municipal e da famosa Rua 25 de Março.


Nunes, como dezenas de jornaleiros, precisou adaptar e expandir seu comércio, que antes vendia apenas publicações de revistas, jornais, gibis, etc. Hoje, ele vende doces, refrigerante, cigarro e, o que considera matéria prima essencial para sobreviver no mercado, sua simpatia. “Aqui na região vem turistas que adoram comprar guias e cartões postais da cidade e tem também os trabalhadores da região que não tem acesso à internet, e esses ainda são fiéis fregueses”, conta o jornaleiro.




Para Nunes, o hábito de ler um impresso não mudará, pois muitos leitores aproveitam o tempo que estão indo trabalhar ou voltando pra casa para exercitar a leitura, e a internet não está presente nesses locais.

Mas para Ricardo Bossier Cofre, de 59 anos, que era analista de sistemas e comprou, há três meses, uma banca que fica entre as ruas Oscar Freire e Amália de Noronha, esse tipo de comércio está com os dias contados, “as pessoas não compram mais as revistas e jornais, além da internet que prejudica a venda, existe as assinaturas, que as pessoas recebem seus jornais em casa”, diz o recém jornaleiro, que já pensa em vender o ponto.


Cofre afirma que bancas de jornal não dão lucro e que só existem tantas pela cidade por não haver burocracias para abrir esse tipo de comércio e por não ter tantos impostos à pagar. “A essência da leitura terminou com chegada da internet, hoje, a tendência é virarmos um comércio alternativo, vendendo doces e sorvetes”, diz.




Engana-se que tal hábito é perpetuado pelos mais velhos. A estudante de administração, Gisele Molina, de 23 anos, afirma que não tem tanto tempo de ler, mas quando o faz prefere o impresso. “Para mim, a banca de jornal é o sinônimo indireto de cultura e isso não pode acabar. A internet tem seu lado prático, mas distancia as ações humanas. Folhear uma revista é prazeroso, uma terapia”, conta a estudante.


A vendedora interna, Marizete Rodrigues da Silva, de 40 anos, comenta que os dois serviços são fundamentais, lê matérias na internet e também adquiri os impressos. “A revista eu leio em qualquer lugar, o computador não posso carregar pra lá e pra cá, mas não posso deixar de dar créditos à internet, acredito que antes dela a população era mal informada, dependendo da TV e jornal que ocultavam muita coisa”, diz Marizete.

Para a aposentada, Silvana Fava, de 55 anos, que lê as notícias em portais informativos e mesmo assim não abre mão da assinatura mensal do jornal, as bancas de jornal são ricas em revistas e faz o leitor se interessar por diversos outros assuntos que não tinham pensado antes. E completa, “a sociedade antes da internet era ótima, as pessoas eram mais delicadas e não ficavam com a cara na tela do computador. As informações vinham mais devagar e tínhamos tempo para pensar e tomar decisões, consequentemente tínhamos mais tempo pra viver”.

7 de novembro de 2009

Uma caixinha de palavras

 Que sonho é esse, de escrever e disseminar uma imensidão de informações e conhecimentos para pessoas que eu nem conheço?

Lembro-me de sonhálo desde a infância, onde conversando com minhas Barbies e ursinhos eu distribuia conhecimento para aqueles brinquedos que não falavam, mas me ouviam (tenho certeza disso!). E ali, nas minhas horas de diversões, eu já reproduzia a essência do jornalismo, de printar a realidade do meu mundo.

Em outros momentos o jornalismo me levava à outras realidades. Em poucos minutos (ou segundos) eu viajava de uma sociedade a outra, da violência carioca às passarelas italianas, das fofocas dos artistas ao congresso nacional, das pistas de Imola aos números da mega-sena. E tudo aquilo era notícia, muitas apresentadas com lágrimas, outras com sorrisos, outras apenas o futebol do dia-a-dia. Confesso que essas últimas me irritavam um pouco.
E tinham também as estações de rádio que invadiam meu café da manhã e me transportavam para o trânsito, que certamente meus pais estavam parados, tentando chegar aos respectivos trabalhos. E não posso esquecer do locutor que insistia no "Bom dia gente" que até arrancava um sorriso tímido da avó que preparava o meu café com leite na cozinha.
Meu Deus, não posso esquecer daqueles imensos jornais que insistiam em ficar em pé no colo do meu avô. E me perguntava como é que aquele velhinho, sem estudos, lia tudo e entendia todas aquelas informações. E de brinde ainda vinha com o joguinho de palavras cruzadas que meu querido vozinho, o Sr. Juvenal, se deliciava.

Que magia é essa que faz todos, sem discriminação social, cultural, economica, entender todas as notícias?
Naquela época (na minha imaginação) o jornalismo na TV, na rádio e no jornal era feito por anões da Fantástica Fábrica de Chocolate, só que ao invés dos doces, brincavam e jogavam letrinhas ao ar e nós pegávamos cada uma delas e interpretavamos a notícia.
E aqui estou eu, aos 31 anos, me deliciando com essa nostalgia e percebendo que a essência do jornalismo está na receptividade de cada leitor, de cada telespectador, de cada criança ou velhinho. Tudo bem, não nego que ele vai além da ingenuidade infantil daquela menina que brincava de Barbie, mas o princípio desta profissão ainda não me foi corrompido (e nem vai).
A caixinha de letrinhas existe, as letras estão lá, ainda que manipuladas, só poderão ser vista para os que querem enxergar.

2 de novembro de 2009

Transporte aéreo para todas as classes sociais

Hoje, na feira das Américas de Turismo, na cidade do Rio de Janeiro, a companhia aérea Oceain Air informoua compra de mais quatro airbus, aumentando a oferta dos voos mais procurados, como Rio-São Paulo.
Já a Webjet, de olhos nos passageiros de classe C e D, lançou o programa Vai Voando que oferece serviços com opção de pagaemnto dos bilhetes entre 3 e 12 parcelas sem comprovação de crédito.

A companhia Azul anunciou que a partir de dezembro irá ampliar sua rotas nacionais, incluindo Natal e Florianópolis, a empresa oferece opções de pagamento em até 10 vezes sem juros e passagens com valores diferenciados dos concorrentes.
A Feira das Américas acontece anualmente e tem como objetivo incentivar a venda de destinos turísticos nacionais com o apoio dos Estados e do Governo Federal, moblizando as agências de turismo, hotelaria e companhias aéreas à oferecer mais serviços e melhor valor final ao cliente.
texto para a Radio FiamFaam

25 de outubro de 2009

A confiança estrangeira na medicina brasileira


Chamado de turismo saúde, o número de estrangeiros que buscam tratamento médico cresce anualmente no Brasil, aumentando a economia deste segmento. Segundo o Ministério do Turismo, por ano, mais de 60 mil turistas procuram o país para este fim.

Em São Paulo, os grandes hospitais investem nessa procura, competindo com o restante do mundo, inovando seu atendimento, empregando recursos tecnológicos e aumentando a credibilidade na medicina do país.

É o caso do Hospital Sírio Libanês, que investirá, até 2011, em um novo edifício de 60 mil metros quadrados com mais 240 leitos, a maioria reservados aos estrangeiros. A assessoria de imprensa do hospital revelou que o turismo saúde corresponde a 5% da receita líquida da instituição.

Entre as especialidades mais procuradas estão a oncologia, cirurgias cardíacas, ortopedia e cirurgia robótica. Os turistas-pacientes estão espalhados pelos quatro cantos do mundo, porém, os mais confiantes na medicina brasileira são americanos (20%), franceses (19%), angolanos (18%), alemães (17%) e os sul-americanos, que representam 24%.

Estima-se que cada estrangeiro gaste, em média, US$ 15mil em cada estadia hospitalar, valor que inclui todo o serviço médico prestado. Fora isso, o paciente pode contar com a assistência de empresas especializadas que se responsabilizam pela tramitação de documentos, internação, a viagem e toda a hospedagem do paciente e de seus familiares.

O turismo saúde não é mantido somente pelos estrangeiros. Brasileiros que residem fora aproveitam os períodos de férias para procurar seus médicos de rotina.

Os dermatologistas Sergio Di Camillo Fava e Roberta Cortina atendem dezenas de pacientes nesse caso, a maioria paciente residentes na Itália. “A medicina brasileira é avançada e não perdemos em nada para outros países”, confirma Roberta.

22 de outubro de 2009

O trânsito lento de uma cidade apressada

Na cidade que se tem pressa tudo para quando entramos em um carro. A grande e principal cidade financeira do país sofre, além de outros problemas, um maior: o trânsito caótico.

A capital de São Paulo que se divide entre tantas vertentes, sejam elas culturais, econômicas ou sociais, une todos os cidadãos que nela reside e trabalha na hora do "rush". A lentidão das vias poluídas contradiz o sistema mecânico da cidade, que pede urgência em tudo e ainda reduz o pouco tempo do indivíduo que trabalha, estuda e "ainda" tem uma vida pessoal.


Não existe um único culpado. A cidade cresceu desordenadamente. O excesso de veículos nas ruas e a precariedade do transporte público acelera esse processo. Sem contar as poucas decisões mal administradas da prefeitura, como a que deslocou ônibus fretados, entupindo ainda mais as vias férreas do metrô e trens da cidade.

As poucas soluções para o trânsito sempre mexem com o bolso do indivíduo. Tramita na Câmara a construção de pedágios nas marginais, que são as principais vias de acesso da capital, e não existe um estudo amplo do quanto reduziria o trânsito da cidade, porém, aumentaria a verba governamental.

Há outros projetos mais saudáveis como as ciclovias, mas essas não atingem os centros comerciais, que apresentam um número maior de transeuntes. O ciclista não arriscaria dividir as vias de acesso comum com carros, caminhões, ônibus e assaltantes de plantão.
De fato, a única estratégia que apresentou resultado positivo foi o rodízio veicular, mas chegou tarde. Outros países já usavam esse sistema décadas atrás.

Os corredores preferenciais de ônibus, táxis e ambulâncias até dariam certo não fosse o grande número de transportes usando o mesmo corredor. Também não refletiram sobre a quebra de qualquer veículo nesses corredores. Quando isso acontece todos os carros que estão atrás param e criam uma lentidão ainda maior.

São Paulo pede pressa e melhores soluções para o trânsito, para os transportes e para as poucas horas que todos precisam voltar pra casa, descansar e reviver a rotina do seu dia-a-dia.

28 de setembro de 2009

A moral da informação


O livro Ética, Jornalismo e Liberdade retrata a importância da informação, bem como a responsabilidade do jornalismo em noticiar os fatos reais, de maneira ética e equilibrada.

O autor, Francisco José Karam, em uma pequena cronologia da existência social, mostra a importância da informação, que alimenta o conhecimento humano. Enfatiza a responsabilidade desta profissão, porém, destaca a ética que deve ser exercida durante a produção e reprodução de tais fatos.

A partir do breve trecho “...é possível dizer que a linguagem oral e sua representação escrita são conquistas da humanidade desde que ela se afasta da pura animalidade e caminha em direção a sua construção...”, o autor revela que existem vertentes diferentes entre o que se escreve, o que se lê, o que se entende e aquilo que, moralmente, faz parte do costume individual tanto do leitor, quanto do jornalista. E, a partir deste conceito, a ética individual e consciência social de cada profissional deve se prevalecer acima de qualquer âmbito.

Em épocas de excesso de informações, principalmente pela facilidade midiática virtual, Karam defende o jornalismo e questiona o futuro da profissão, que amanhã pode ser confundida com comércio de idéias e não mais vista como uma ferramenta para o bem comum.

22 de setembro de 2009

Os cegos na leitura e guerreiros da realidade

O Brasil não é o país que aparece nos rankings de grandes leitores, mas a preocupação aqui não é competir com títulos e mértios em relação as estatísticas mundiais.

A análise superficial e preconceituosa sobre os leitores brasileiros deve ir além de números publicados por estudiosos europeus, que ao invés de examinar os "por quês" da não leitura do país tropical, intitulam parte da nossa população "como analfabetos funcionais".

Em 2006, a revista britânica The Economist publicou o baixo índice de leitura dos brasileiros, afirmando que muitos nem sabe ler. O muito, para uma populãção de mais de 190 mil, pode ser visto pejorativamente como todos. E sem uma leitura mais aprofundada da nossa sociedade qualoquer leitor, em qualquer lugar do mundo, pode acreditar que somos uma nação analfabeta por opção.

No mesmo ano o Instituto Pró-livro, com uma análise reflexiva sobre a falta de leitura do país, mostrou com exatidão o número de leitores e a deficiência para obter conhecimento através de páginas de livros. Dos entrevistados, a maioria adultos (42%) acreditam que o livro é a grande fonte de conhecimento, na visão das crianças (8%) o livro é uma atividade prazerosa. Porém, tais dados revelaram que 77% da população preferm assistir TV, contra os 35% que prefere optar pela leitura em seus tempos livres. A classe social, idades e região também determinam o número de leitores e os títulos dos livros.

Esta nação é educada pela TV. Perpetuamos tais ações há décadas. Não fomos criados para dar valor à leitura, principalmente por ser uma opção cara. Impossível um pai de família, que ganha um misero salário mínimo, dispor de 10% para leitura ou cultura. Assim como seria impossível exigir de uma nação, que não foi (e nem é) estimulada à leitura, chegar ao número "1" de um ranking imaginário e utópico para um país que precisa mais do que um título.

É válido lembrar que o Brasil é um país razoavelmente novo, com 509 anos de descoberta e há 180 anos tentando se livrar da colonização européia, que muito tirou e pouco ensinou.

O brasileiro é cego culturalmente por falta de verba e calado por não ter sido estimulado a dar prioridade à leitura, ele precisa comer e se vestir antes disso. Ao invés de uma biblioteca de primeiro mundo é preciso preencher as lacunas vazias da cidadania, com ensino de qualidade, um bom e digno serviço de saúde pública, segurança, tempo e paz para que possam exercer uma leitura primorosa.