25 de abril de 2009

Luz no fim do túnel: assaltos na região central podem acabar com ajuda dos moradores

Batedores de carteiras, usuários de drogas e prostitutas são comuns no bairro da Luz, região central de São Paulo. Em meio ao caos social, existem moradores, de diversas idades, que estão sofrendo com o aumento de assaltos. Acostumados ao descaso, são descrentes da segurança na região.
Sizuko Marui, 73, mora há 30 anos no bairro e diz não se amedrontar com a situação. Foi assaltada há pouco mais de três meses, no período da tarde, entrando num salão de beleza na rua onde reside. Os ladrões levaram sua carteira num único puxão, ela não teve tempo de reagir e contenta-se de não ter visto nenhuma arma. “Isso é geral, já me acostumei e não saio de casa depois das seis”, diz. Sizuko não procurou a polícia, alegando que levaram apenas dinheiro. Acha que deveriam ter câmeras em todo o centro, filmando atitudes e pessoas suspeitas.
Jean Claud Caravelas Faria Marques, 15, há 20 dias voltava pra casa às 12h25 e foi assaltado por três homens. Bem vestidos e sem arma, o abordaram, levando sua mochila com o material escolar e carteira, pulseira, relógio, celular e boné. “De longe não pareciam assaltantes, só quando cheguei perto deles percebi que seria assaltado.” O adolescente só procurou a polícia após cinco dias, na esperança de terem achado seus documentos e material escolar. Seu pai, Paulo César de Alencar Freitas, 46, diz ter sofrido tentativa de assalto quando saia para trabalhar de madrugada. A família, que não pensa em se mudar, reside há menos de dois anos na região e tem parentes que moram há mais de duas décadas, que também passaram por situações parecidas.
A assessora de imprensa da Secretaria da Segurança do Estado, Tatiane Brito, diz não ter uma estatística de assaltos e furtos por bairro: “A secretaria fornece somente a estatística geral da cidade de São Paulo”. Ela informou que a assessoria atende somente os veículos jornalísticos e orientou a procura dos Consegs - Conselhos Comunitários de Segurança para informações de cada bairro.
Os Consegs são grupos de pessoas que residem no mesmo bairro ou município que se reúnem para discutir, planejar e acompanhar soluções de problemas comunitários ligados à segurança. Em parceria com a polícia civil e militar usam estratégias como rádio-comunicadores, visitas de policiais às residências, capacitação de funcionários de condomínios, distribuição de cartilhas e palestras sobre violência e trânsito.
O sargento Leme, da central de atendimento dos Consegs informou que um líder comunitário que tenha interesse para representar todos os moradores, é eleito pela comunidade que representará. A eleição ocorre na presença de um delegado de polícia titular, um comandante de polícia militar da região, outros representantes dos poderes públicos, associações, clubes, comércio e indústrias que atuam no bairro.
A criação deste órgão tem a intenção de aproximar os moradores e a polícia. Suas ações estão relacionadas aos níveis sócio-econômicos de cada bairro. Por não receberem verbas públicas, têm autonomias para captar recursos para melhoria da segurança.Além do líder comunitário, o delegado e comandante ficam responsáveis pela representação do Conseg de cada bairro ou município, tendo presença em todas reuniões mensais com os moradores.
Luiz Alberto da Silva, presidente do Conseg Sé Arcadas, diz que o erro da população é não registrar as ocorrências e não participar ativamente das reuniões, por isso, justificam a falta de estatística de assaltos e homicídios da região. “As pessoas só cobram alguma coisa do Conseg quando são assaltadas. Somos criticamos pelo que não fazemos, mas não querem saber o que já foi feito”. Seus principais projetos junto a Secretaria de Bem Estar Social é tirar os albergues da região central, evitando moradores de ruas e usuários de drogas. “Eles vem de outros bairros, não são do Centro, mas criam os problemas por aqui.” Alerta que a população deve andar sempre atenta a tudo, não sentir total confiança nos lugares onde andam. Silva informa que mensalmente realiza as reuniões do Conseg com o delegado da região e todo morador ou trabalhar da região é bem-vindo, podendo opinar e registrar os fatos que nem sempre a polícia fica sabendo. O objetivo é assegurar que cada cidadão da região possa morar e caminhar com segurança nas ruas centrais.

Mais informações:
CONSEG - Conselho Segurança Comunitária
Telefone: (11) 3291-6544
http://www.conseg.sp.gov.br/conseg/default.aspx
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12 de abril de 2009

E a páscoa continua (quase) a mesma

Novos hábitos levam consumidores a ignorar restrição a carnes vermelhas na Semana Santa

Não existe um pedido explícito e oficial da Igreja Católica que obrigue a prática do jejum ou a proibição da carne vermelha durante esse período, mas muitos brasileiros seguem esse costume e se alimentam de peixe e frutos do mar.

Quem ganha com essa crença são os donos de peixaria. No mercado municipal de São Paulo, localizado na região central da cidade, o vendedor João Walber informou que as duas bancas em que trabalha venderam, por exemplo, mais de 500 quilos de Corvina durante a Semana Santa. Walber percebe, no entanto, que o costume alimentar dos brasileiros nessa semana tem mudado. Durante os 13 anos que trabalha com venda de peixes, Walber nota que muitas pessoas estão divididas entre o consumo de peixe e carne.

A mudança de hábitos durante a Semana Santa também é percebida pelo comerciante Rivaldo Cavalieri. Dono de um açougue no Mercado Municipal, Cavalieri vendeu 400 kgs de carne vermelha - as mais procuradas foram as carnes de cordeiro, coelho, cabrito e vitela. “Esse mito não existe há muito tempo”, diz.


Na dúvida entre peixe e carne, o comerciante Manolo Salgado vende os famosos pastéis de bacalhau e o sanduíche de mortadela, mantendo a tradição de 76 anos da família. Ele confirma que as pessoas estão variando a alimentação na Semana Santa, mas ainda persiste o consumo de peixe em respeito à Igreja. Salgado costuma vender 500 sanduíches de mortadela nos finais de semana, mas vendeu apenas 80 unidades entre a Sexta-feira Santa e o Sábado de Aleluia.


Deli da Silva não acredita mais nesse costume: “quando eu era pequeno eu até respeitava. Hoje, minha alimentação nesse período depende da casa que eu for almoçar”, diz o freqüentador do mercado que, entre o “bem e o mal”, provou o sanduíche de mortadela, o pastel de bacalhau e uma cerveja bem gelada.