28 de abril de 2010

Um amigo chamado copa do mundo


É quase um sentimento de amor e ódio, onde a razão me permite criticar o evento e o sentimento me faz querer abraçar todos, até você, leitor.

Engraçado como me sinto desafiada toda vez que alguém fala de futebol. Para mim, vem logo a imagem da futilidade de um povo que, com tantas carências sociais e culturais, esquece de tudo para assistir aos jogos da Copa do Mundo.
Esta noite fui, mais uma vez, desafiada a escrever sobre o tema. Pensei em criticar logo de cara, falar da política que todos esquecem nesta época, da falta de recursos que o povo brasileiro não reivindica, da desesperança de tantos que desacreditam de tudo, principalmente nos grandes centros urbanos, mas me contive, eu precisava pensar melhor sobre fazer ou não a matéria.
E voltando pra casa, após um dia bastante cansativo de trabalho, trânsito, transporte público, milhões de pessoas desconhecidas que cruzamos nesta jornada, fiquei pensando em como começaria a escrever essa crônica e foi ai que eu me reavaliei.

Eu sou tão crítica sobre a Copa do Mundo, principalmente por achar que é um evento que mascara todas as dificuldades do Brasil, mas fiquei chocada comigo mesma ao perceber que esse evento vai, psicologicamente e incondicionalmente, além das razões sociais.

A Copa é, na verdade, o grande momento que todos esperam para extravasar. É o instante em que deixamos pulsar uma emoção que, diariamente, tentamos proteger ou até disfarçar: a esperança. É um amigo que creditamos toda a nossa fé.

Vivemos nesta rotina maluca de trabalhar, estudar, pagar contas, dormir e se alimentar precariamente e nem sobra tempo para cultivarmos as amizades ou até de estarmos com a família.

É aí que entra a emoção da Copa. Neste período fazemos tudo que não temos tempo para fazer no dia a dia. Juntamos a família, os amigos, preparamos os comes e bebes, gritamos, choramos e abraçamos todos que estão por perto. É como se o mundo fosse uma grande irmandade. Chega a ser um sonho ver todos rindo, vibrando e se comunicando.

E fica tão distante daqueles dias corridos de estresse, atropelamentos sentimentais e do esquecimento daqueles que amamos, mas não encontramos horários para eles em nossas atarefadas agendas.

Venha logo Copa, quero abraçar meus pais, meus irmãos e meus amigos. Quero acreditar que somos felizes e sem problemas para resolver.