12 de abril de 2009

E a páscoa continua (quase) a mesma

Novos hábitos levam consumidores a ignorar restrição a carnes vermelhas na Semana Santa

Não existe um pedido explícito e oficial da Igreja Católica que obrigue a prática do jejum ou a proibição da carne vermelha durante esse período, mas muitos brasileiros seguem esse costume e se alimentam de peixe e frutos do mar.

Quem ganha com essa crença são os donos de peixaria. No mercado municipal de São Paulo, localizado na região central da cidade, o vendedor João Walber informou que as duas bancas em que trabalha venderam, por exemplo, mais de 500 quilos de Corvina durante a Semana Santa. Walber percebe, no entanto, que o costume alimentar dos brasileiros nessa semana tem mudado. Durante os 13 anos que trabalha com venda de peixes, Walber nota que muitas pessoas estão divididas entre o consumo de peixe e carne.

A mudança de hábitos durante a Semana Santa também é percebida pelo comerciante Rivaldo Cavalieri. Dono de um açougue no Mercado Municipal, Cavalieri vendeu 400 kgs de carne vermelha - as mais procuradas foram as carnes de cordeiro, coelho, cabrito e vitela. “Esse mito não existe há muito tempo”, diz.


Na dúvida entre peixe e carne, o comerciante Manolo Salgado vende os famosos pastéis de bacalhau e o sanduíche de mortadela, mantendo a tradição de 76 anos da família. Ele confirma que as pessoas estão variando a alimentação na Semana Santa, mas ainda persiste o consumo de peixe em respeito à Igreja. Salgado costuma vender 500 sanduíches de mortadela nos finais de semana, mas vendeu apenas 80 unidades entre a Sexta-feira Santa e o Sábado de Aleluia.


Deli da Silva não acredita mais nesse costume: “quando eu era pequeno eu até respeitava. Hoje, minha alimentação nesse período depende da casa que eu for almoçar”, diz o freqüentador do mercado que, entre o “bem e o mal”, provou o sanduíche de mortadela, o pastel de bacalhau e uma cerveja bem gelada.

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