7 de novembro de 2009

Uma caixinha de palavras

 Que sonho é esse, de escrever e disseminar uma imensidão de informações e conhecimentos para pessoas que eu nem conheço?

Lembro-me de sonhálo desde a infância, onde conversando com minhas Barbies e ursinhos eu distribuia conhecimento para aqueles brinquedos que não falavam, mas me ouviam (tenho certeza disso!). E ali, nas minhas horas de diversões, eu já reproduzia a essência do jornalismo, de printar a realidade do meu mundo.

Em outros momentos o jornalismo me levava à outras realidades. Em poucos minutos (ou segundos) eu viajava de uma sociedade a outra, da violência carioca às passarelas italianas, das fofocas dos artistas ao congresso nacional, das pistas de Imola aos números da mega-sena. E tudo aquilo era notícia, muitas apresentadas com lágrimas, outras com sorrisos, outras apenas o futebol do dia-a-dia. Confesso que essas últimas me irritavam um pouco.
E tinham também as estações de rádio que invadiam meu café da manhã e me transportavam para o trânsito, que certamente meus pais estavam parados, tentando chegar aos respectivos trabalhos. E não posso esquecer do locutor que insistia no "Bom dia gente" que até arrancava um sorriso tímido da avó que preparava o meu café com leite na cozinha.
Meu Deus, não posso esquecer daqueles imensos jornais que insistiam em ficar em pé no colo do meu avô. E me perguntava como é que aquele velhinho, sem estudos, lia tudo e entendia todas aquelas informações. E de brinde ainda vinha com o joguinho de palavras cruzadas que meu querido vozinho, o Sr. Juvenal, se deliciava.

Que magia é essa que faz todos, sem discriminação social, cultural, economica, entender todas as notícias?
Naquela época (na minha imaginação) o jornalismo na TV, na rádio e no jornal era feito por anões da Fantástica Fábrica de Chocolate, só que ao invés dos doces, brincavam e jogavam letrinhas ao ar e nós pegávamos cada uma delas e interpretavamos a notícia.
E aqui estou eu, aos 31 anos, me deliciando com essa nostalgia e percebendo que a essência do jornalismo está na receptividade de cada leitor, de cada telespectador, de cada criança ou velhinho. Tudo bem, não nego que ele vai além da ingenuidade infantil daquela menina que brincava de Barbie, mas o princípio desta profissão ainda não me foi corrompido (e nem vai).
A caixinha de letrinhas existe, as letras estão lá, ainda que manipuladas, só poderão ser vista para os que querem enxergar.

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