22 de setembro de 2009

Os cegos na leitura e guerreiros da realidade

O Brasil não é o país que aparece nos rankings de grandes leitores, mas a preocupação aqui não é competir com títulos e mértios em relação as estatísticas mundiais.

A análise superficial e preconceituosa sobre os leitores brasileiros deve ir além de números publicados por estudiosos europeus, que ao invés de examinar os "por quês" da não leitura do país tropical, intitulam parte da nossa população "como analfabetos funcionais".

Em 2006, a revista britânica The Economist publicou o baixo índice de leitura dos brasileiros, afirmando que muitos nem sabe ler. O muito, para uma populãção de mais de 190 mil, pode ser visto pejorativamente como todos. E sem uma leitura mais aprofundada da nossa sociedade qualoquer leitor, em qualquer lugar do mundo, pode acreditar que somos uma nação analfabeta por opção.

No mesmo ano o Instituto Pró-livro, com uma análise reflexiva sobre a falta de leitura do país, mostrou com exatidão o número de leitores e a deficiência para obter conhecimento através de páginas de livros. Dos entrevistados, a maioria adultos (42%) acreditam que o livro é a grande fonte de conhecimento, na visão das crianças (8%) o livro é uma atividade prazerosa. Porém, tais dados revelaram que 77% da população preferm assistir TV, contra os 35% que prefere optar pela leitura em seus tempos livres. A classe social, idades e região também determinam o número de leitores e os títulos dos livros.

Esta nação é educada pela TV. Perpetuamos tais ações há décadas. Não fomos criados para dar valor à leitura, principalmente por ser uma opção cara. Impossível um pai de família, que ganha um misero salário mínimo, dispor de 10% para leitura ou cultura. Assim como seria impossível exigir de uma nação, que não foi (e nem é) estimulada à leitura, chegar ao número "1" de um ranking imaginário e utópico para um país que precisa mais do que um título.

É válido lembrar que o Brasil é um país razoavelmente novo, com 509 anos de descoberta e há 180 anos tentando se livrar da colonização européia, que muito tirou e pouco ensinou.

O brasileiro é cego culturalmente por falta de verba e calado por não ter sido estimulado a dar prioridade à leitura, ele precisa comer e se vestir antes disso. Ao invés de uma biblioteca de primeiro mundo é preciso preencher as lacunas vazias da cidadania, com ensino de qualidade, um bom e digno serviço de saúde pública, segurança, tempo e paz para que possam exercer uma leitura primorosa.

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